Que a Sony quer brigar com a Samsung e a Apple pelo domínio no mercado de celulares, todos já especulavam. Faltava a palavra do presidente. E ela veio durante a entrevista na Consumer Electronics Show 2013, realizada em Las Vegas, EUA. Para Jorge Aguiar, responsável pela operação da Sony Mobile na América Latina, não restam dúvidas que a gigante japonesa quer abrir distância e se consolidar como a terceira potência no mercado de smartphones.
Além de brigar pelo topo, a Sony também planeja brigar pela "base". "Até junho, vamos lançar quatro aparelhos no Brasil, como o Xperia E, que vai ser um aparelho na faixa da classe C", diz Aguiar. De fato, quando olhamos para a história, é difícil posicionar a Sony. Embora ocupe tradicionalmente um lugar entre as marcas premium, durante a parceria com a Ericsson a empresa obteve resultados modestos com aparelhos sempre medianos. Ou seja, nunca foi nem classe A, nem classe C. "Mas vamos ter produtos para todas as faixas. Nosso foco é o top do mercado e abrir distância para nossos rivais", garante o presidente.
Para isso, no entanto, foi necessária uma verdadeira revolução interna na empresa. Acabou a era dos "pequenos mundinhos", dentro dos quais os microuniversos atuavam de forma independente. Assim, as plataformas Xperia, Cybershot, Playstation, Music, Bravia, dentre outras, foram extintas e agrupadas em três grandes grupos: games, mobile e imagem. Com isso, a Sony conseguiu unificar seus processos e fortalecer todas as "famílias". Daí veio o salto de qualidade, dado em 2012, com os novos Xperia, que recolocaram a gigante japonesa na briga pelo topo.
"Nós ocupávamos um mercado que era médio. Se você pensasse no premium, nós não o ocupávamos. Mas agora estamos subindo o nível dos aparelhos para brigar com Apple e Samsung. Em 2012, crescemos 42% no mundo todo. É verdade que partimos muito de baixo, mas já somos a terceira maior vendedora de celulares do mundo, na frente de HTC, LG, Motorola e outras gigantes. Nossa estratégia para 2013 é consolidar isso", explica Jorge Aguiar.
Durante esse processo, ficou a dúvida: comprar ou não comprar o aparelho? Afinal, pode ser que ele não seja atualizado pela Sony. "As atualizações no Brasil atrasam, fundamentalmente, devido ao fato de ter quatro operadoras. A demora fica por conta da customização feita por elas. A nossa empresa tem que criar tudo, mas eles têm que testar e aprovar. E isso demora muito. Mas estamos tentando recortar esse tempo", diz Jorge.Como o Brasil é sempre um caso complicado, a Sony pretende improvisar. Seja para contornar a carga tributária - que faz com que os aparelhos possam custar até três vezes mais que nos Estados Unidos -, seja para resolver problemas com a atualização de softwares, a empresa está sempre "correndo atrás". O executivo culpa as operadoras pelo fato de os aparelhos, muitas vezes, não estarem com os sistemas mais atualizados, como foi o caso dos Xperia S, T e U, que começaram a ser vendidos com o Android 2.3 Gingerbread. Com muitos meses de atraso e aos poucos, a família foi ganhando a nova versão (que, aliás, já não é mais a nova versão), o Ice Cream Sandwich, ou ICS, do Android.
Enquanto tenta resolver seus próprios problemas de mercado, a Sony vai diversificando. A certificação para Playstation agora foi obtida por companhias terceiras, expandindo o domínio da marca. Mas o grande X da questão ainda é: será que o software dos aparelhos - e sua burocracia de atualizações - vai acompanhar a evolução dos aparelhos? Afinal, se o Xperia Z quer realmente brigar com o SIII (ou S4) e o iPhone 5, qualquer motivo vai fazer o novo cliente, na hora da compra, optar por quem tem mais "tradição". E, curiosamente, nessa área a Sony ainda é novata.
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