Quem nunca teve o sonho de ser um astronauta quando criança que atire a primeira pedra. Nesta quarta-feira (9) é celebrado o dia destes corajosos profissionais e o TechTudo fez uma retrospectiva dos principais trajes espaciais já usados por eles.
As vestimentas são essenciais para a sobrevivência fora da atmosfera terrestre. Graças a elas, homens e mulheres conseguem resistir a situações extremas de frio e calor (a temperatura pode variar de 156 graus Celsius negativos a 121 positivos, segundo o site da Nasa), à ausência de oxigênio, à poeira espacial, ao vácuo, entre outros fatores.
SK-1: a primeira viagem espacial
Apesar de inventores autônomos começarem a desenvolver roupas espaciais já na década de 1930, somente em 1961, durante a corrida espacial que marcou a Guerra Fria, que o primeiro traje foi usado por um homem no espaço. O cosmonauta russo Yuri Gagarin vestiu o SK-1 em 12 de abril, no primeiro voo tripulado por um ser humano, a bordo da aeronave Vostok 1.
Criado pela empresa Zvezda, o modelo foi desenhado especificamente para o piloto e usado em outros voos da missão Vostok até 1963. A camada externa laranja era feita de nylon e o modelo, inteiriço - nem mesmo o capacete podia ser removido. Quanto à questão de sobrevivência de Gagarin, o SK-1 contava com um colar de borracha inflável (para o caso de pouso na água), um forro de pressão com conectores de suporte à vida e mangueiras de comunicação. Uma curiosidade: havia um espelho costurado na manga, para auxiliar a encontrar itens difíceis, como interruptores. Para completar, o profissional também tinha que usar tinha luvas e botas de couro e fones de ouvido também cobertos por esse material. Vale lembrar que o cosmonauta não saiu da aeronave durante a missão.
Berkut: passeio pelo espaço
No entanto, o sonho de passear pelo espaço não ficou de lado e a Agência Espacial Russa também foi a pioneira, ao desenvolver a Berkut, roupa criada a partir do SK-1. Pesando cerca de 20 Kg, ela foi desenvolvida levando em conta as situações extremas que deveriam ser encontradas externamente, como grande variação de temperatura, alta taxa de radiação solar e restos de meteoritos que poderiam atingi-los. A roupa usada por Alexey Leonov era composta por várias camadas de lâminas de alumínio e o espaço existente entre elas reduzia a transferência de calor, tanto para dentro quanto para fora da vestimenta.
O sistema de suporte à vida foi colocado em uma mochila, programado para aguentar até 45 minutos e era bem simples: tinha um tanque de oxigênio e capacidade para dois litros. Este era ligado ao astronauta por conectores rápidos, assim como uma mangueira de oxigênio, unida à nave para o caso de alguma situação de emergência. Os olhos eram protegidos dos raios solares com um um filtro colorido de acrílico de quase 0,5 cm de espessura, presente no capacete. Este modelo ficou conhecido como o primeiro para EVA ou Extravehicular Activity (em livre tradução, atividades fora do veículo).
A primeira versão norte-americana de roupa para EVA foi o Gemini G4C, que tinha seis camadas de nylon e uma exterior de um tecido anti-chamas chamado de Nomex, isolamento para controle de temperatura e contra poeira cósmica. A roupa tinha ainda um capacete de pressão com microfones e fones para a comunicação, além de uma viseira destacável, que os protegia da intensa luminosidade do sol. As botas (também cobertas de Nomex) e luvas eram removíveis e afixadas graças a anéis, que facilitavam a movimentação dos profissionais.
Apollo A7L e o "pequeno passo para o Homem, um grande salto para o humanidade"
Enquanto os russos alcançaram a proeza de serem os primeiros a viajar e sair da aeronave, os americanos conseguiram superá-los em julho de 1969, quando Neil Armstrong tornou-se o primeiro homem a pisar na superfície lunar. Para tal, foi desenvolvida a Apollo A7L, criada especialmente para as expedições homônimas. Este foi o primeiro traje a não ser completamente criado para cada um dos profissionais e, assim como o SK-1, tinha um sistema de suporte à vida móvel, inserido em uma mochila.
A camada externa de nylon usada até então pela Nasa, foi substituída por uma fibra à prova de fogo removível, devido ao incidente ocorrido na missão Apollo 1. A vestimenta foi também a primeira com um sistema de refrigeração líquida, evitando, assim que o capacete embaçasse e tinha articulações feitas de borracha nos ombros, cotovelos, punhos, quadris, tornozelos e joelhos. A roupa pesava mais de 34 Kg, descontando a mochila.
EMU, Orlan e Feitian
A Extravehicular Mobility Unit ou EMU é a roupa que os astronautas da Nasa usaram de 1979 até 2011, com o fim do programa de ônibus espaciais americano. Ela foi a primeira desenvolvida em módulos, de forma que cada parte fosse montada separadamente, facilitando a produção de várias unidades, seja para homens ou mulheres. O EMU passou por diversas modificações ao longo dos anos, mas sua última versão pesava 49 Kg, tinha um display de controle de dados embutido e era usada exclusivamente para passeios fora da nave.
O Orlan foi desenvolvido para o Programa Lunar soviético, que acabou não indo à frente. No entanto, ele foi sendo aperfeiçoado ao longo dos anos e, com isso, ganhando novas versões. O modelo DMA foi o mais importante deles, por criar uma autonomia ao astronauta, permitindo-o trabalhar externamente sem a necessidade de um cabo de conexão com a estação. A vestimenta russa foi usada tanto pela Nasa quanto pelo Programa Espacial Chinês.
Já o Feitian foi criado pelos chineses e usado durante a primeira atividade fora do ônibus espacial do país, realizada por Zhai Zhigang, em 2008. Assim como o Orlan, ele conta com dispositivios para comunicação digital, telemetria e sistema de administração de dados, que inclui uma tela OLED. O traje tem 10 camadas e custa em torno de US$ 4.4 milhões cada unidade (aproximadamente R$ 8.8 milhões).
O que vem por aí
O Mark III é um projeto de uniforme espacial desenvolvido pela Nasa a fim de testar tecnologias para o projeto futuros de exploração interplanetária. Apesar de grande, a roupa garante mobilidade a quem a veste, permitindo, inclusive que abaixe para pegar objetos - ação que os astronautas da missão Apollo não conseguiram executar durante as visitas à lua. O uniforme foi testado por mais de 100 horas pelo astronauta Dean Eppler.
Em dezembro de 2012, o também protótipo Nasa, Z1, teve as fotos divulgadas. Ele ganhou destaque na mídia do mundo inteiro por ter uma aparência semelhante à roupa do personagem Buzz Lightyear, do desenho Toy Story. Ele tem um capacete bolha que garante maior visibilidade e prevê ainda mais mobilidade para quem usá-lo. Outra novidade está na existência de um espécie de porta traseira na roupa, que seria acoplada ao veículo ao retornar das missões externas, reduzindo, assim, a probabilidade de entrada de poeira cósmica.
Apesar de tantos projetos de uniforme, a Nasa planeja retornar ao solo lunar somente no ano de 2020. O Programa Espacial Chinês é um dos que estão em maior expansão na atualidade e tem entre os planos criar uma estação espacial própria até 2020, além de fazer viagens tripuladas a Marte e à Lua. Já a Agência Espacial Federal Russa é uma das envolvidas na Estação Espacial Internacional e tem proporcionado, nos últimos anos, o turismo espacial.
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