terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O caminho inverso da tecnologia: o digital que influencia o analógico


Shawn DuBravac, da CEA, deu um panorama do que esperar para 2013 (Foto: Fabrício Vitorino)Shawn DuBravac, da CEA .
Durante a coletiva de imprensa de abertura da CES 2013, no dia 6 de janeiro, Shawn DuBravac, Economista Chefe da Associação de Eletrônicos de Consumo (Consumer Electronics Association, no original em inglês), ofereceu um grande panorama do que esperar não só do evento mas de todo o ano. A apresentação ocorreu no centro de convenções do hotel Mandalay Bay, em Las Vegas, EUA, e teve como foco a evolução da tecnologia e da forma com que ela afeta a vida de cada um de nós. Com pitadas de humor, como uma foto do próprio DuBravac carregando seu primeiro computador portátil, um Macintosh lançado no começo dos anos 80, a palestra serviu como um evento de boas vindas aos membros da imprensa presentes no evento.
A era pós-smartphone
DuBravac relembra o lançamento do primeiro iPhone com a exibição do divertido comercial original. Diversas imagens antigas de pessoas falando ao telefone antecediam uma revolução que mudaria o mercado mundial. Mas o cenário hoje é bem diferente: 65% do uso de aparelhos celulares já não é focado em comunicação. E por comunicação entende-se não só como o ato de falar ou trocar mensagens mas também acesso a redes sociais, por exemplo.
Segundo a análise do especialista, após um grande desenvolvimento do aparelho em si, com telas maiores e grande conectividade, entramos em um período de desenvolvimento de uma real “inteligência” dos smartphones. A proliferação dos aparelhos que se conectam aos celulares e tablets pode ser o facilitador dessa mudança. Os celulares passariam a ser uma interface centralizadora dos diversos recursos disponibilizados por uma infinidade de outros equipamentos, “um visor para sua vida digital”, segundo o próprio palestrante.
A era dos algorítimos
Apliações inteligentes, a vida 'sensorizada' (Foto: Fabrício Vitorino)Apliações inteligentes, a vida 'sensorizada' .
A capacidade de registrar informações é o foco da segunda parte da apresentação. Do formulário contínuo, chegando à era digital e à nuvem, cada novo chip que aumenta a capacidade computacional nos dá mais formas de registrar dados. A cada dia nos aprofundamos mais no que é registrado, guardado, processado. Assim, entramos em um processo de “sensorização”, com tudo sendo registrado, da temperatura ambiente ao que comemos no almoço.
O novo desafio é transformar todos esse dados em vantagens para o usuário. Recomendações de horário para sair do trabalho ou quantos quilômetros andar por dia, por exemplo. Tudo isso graças aos algoritmos, capazes de interpretar os dados e transformar o que é armazenado em serviços. E essa quantidade de dados absurda a ser analisada se transforma em uma nova moeda a ser negociada pelas empresas.
Conectividade contextualizada
Outro ponto destacado na apresentação foi o da conectividade contextualizada. Até agora o termo “smart” foi usado como sinônimo de conectividade. Espera-se que a partir de 2013 uma inteligência real seja o foco dos aparelhos. Os telefones deixarão de ser somente um meio de distribuição para se tornarem um tomador de decisões autônomas. A conexão se tornará somente um meio de facilitar o fluxo de dados e serviços.
Telas em nossos relógio, eletrodoméstico e paredes somente para nos fornecer informações importantes. Alertas que recebemos por iniciativa dos aparelhos de acordo com os dados de que eles já dispõem. Uma nova gama de serviços que surgirá com cada vez mais força em todas as mídias possíveis para facilita nossa vida. Tudo isso em forma de rede e centralizado nos smartphones, nosso gadget mais essencial.
Mudanças no fluxo da informação
Público da coletiva de imprensa (Foto: Fabrício Vitorino)Imprensa na coletiva da CES .
Definindo os usuários como “onívoros digitais”, DuBravac aborda as chamadas telas secundárias. O que até pouco tempo atrás era considerado acessório à TV em alguns contextos (tablets e smartphones, principalmente) passa a ser a tela principal. Mas o especialista diz que as TVs não perdem sua importância e nem perderão, com suas telas grandes que preenchem ambientes. Somente a mudança no engajamento de consumo, cada vez mais drástica, é inevitável.
Ganham atenção especial os formatos inusitados e, novamente, o uso de tecnologias diferentes como os acelerômetros, primeiro recursos exclusivos dos videogames e hoje presentes em todo tipo de gadget. Telas melhores, mobilidade, novos formatos para laptops, docks cada vez mais sofisticados. Recursos que ditam uma nova dinâmica de consumo de informação.
O caminho inverso: do digital ao analógico
Todas essas mudanças tecnológicas culminam no que Shawn DuBravac define como “transição do digital para o analógico”. Na contramão do que tínhamos até agora, com o analógico sendo jogado de todas as formas possíveis no digital, teremos o digital influenciando o analógico. Plantas avisam que precisam ser molhadas, impressoras 3D, dispositivos que nos ajudam a encontrar onde deixamos a carteira ou as chaves. Com o celular como interface e o alto nível de aprendizado e registro de informações possível, o céu é o limite para o que 2013 reserva em termos de melhorias em nosso dia a dia possibilitado pela tecnologia.
A excelente apresentação sobre o que deverá reger a tecnologia ao longo do ano termina com dois comentários bem humorados mas que servem para refletirmos. Em 1956, Herbert Simon disse que “em 20 anos as máquinas farão tudo que um homem é capaz de fazer”. Estamos bem longe disso mas, mesmo sem fazer tudo o que fazemos, elas podem, cada vez mais, nos ajudar. Mas nesse contexto, com máquinas nos ajudando a ver o importante através dos dados que coleta, resta somente a cada um de nós decidir se queremos escutar ou não.

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